Meados da década de 1980: o São Paulo Futebol Clube, depois de um bom começo naquele período com um bicampeonato paulista, falhou em duas decisões estaduais seguintes para o Corinthians. Em seguida, porém, veio a geração que ficou famosa com o apelido de "Menudos do Morumbi" e alcançou o bi do Brasileiro contra o Guarani com nomes valiosos como Muller, Silas e Careca, entre vários outros. Passado aquele período, no final da década de 80 e bem no início de 90, mais um campeonato paulista e dois vices seguidos do Brasileiro (um deles pro arquirrival Corinthians de novo). Para quem ainda não tinha conquistado o mundo, pode-se dizer que eram resultados no mínimo interessantes. Mas em 1990 veio uma campanha pífia no Estadual, que criou até uma polêmica sobre um falso rebaixamento no Estadual (tese ridícula e sem fundamento como já foi fartamente provado, diga-se de passagem). Felizmente, os anos seguintes compensaram esse período ruim com muita folga.
Meados da década de 2000: novamente, o São Paulo começa bem o período com um Paulista sobre o Santos, conseguiu um vice em 2003 contra o Corinthians e havia feito excelente campanha na fase de classificação do Brasileiro de 2002, sendo eliminado nos mata-matas por um ótimo Santos. Juntados os cacos desse fracasso, no ano seguinte o time consegue acesso pra Libertadores de 2004, chegando nas semis e, em 2005, dispara para a glória de se tornar o primeiro (e, até hoje, o único) time brasileiro tricampeão do mundo.Os anos seguintes ainda reservam mais alegrias com um tricampeonato seguido inédito para o clube, com os Brasileiros de 2006 a 2008. Após isso a fonte secou.
Coincidências separadas por apenas 20 anos? Até poderiam ser se em momentos significativos dessas duas partes da história não houvesse uma trajetória idêntica de uma mesma pessoa: ele mesmo, o famigerado Juvenal Juvêncio.
Explicando com mais detalhes: justamente na melhor fase do Tricolor do Morumbi nos anos 80, JJ era o diretor de futebol do clube, então comandado por Carlos Miguel Aidar. Já na fase mais vencedora do time na década passada, novamente ele estava no mesmo cargo, desta vez sob a batuta do saudoso e excelente Marcelo Portugal Gouvêa.
Parece pouco? Pois então agora vem a parte mais preocupante para os são-paulinos: nos dois casos, ele sucedeu os presidentes citados e, em ambos, fez mudanças nos times de cada época que os fizeram mais fracos, desfazendo-se de jogadores importantes e repondo com outros bem piores. Por isso, JJ sempre colheu resultados inferiores se comparado àqueles que passaram o cargo para ele. Ao sucedê-los, conseguiu lampejos que poderiam enganar a torcida em continuar a fase vitoriosa, mas essa impressão logo se desfez. Foi assim na ridícula campanha do Paulista de 1990 (JJ havia assumido a presidência em 1988) e assim é desde 2008 até hoje (tornou-se o mandatário em 2006). Em ambas as situações, Juvêncio tinha o poder máximo nas mãos e o clube entrou em declínio. Pior: sua obsessão pelo poder o levou a dar um golpe no estatuto para prorrogar o seu atual mandato à frente do Tricolor. E ele ainda acha que faz um ótimo trabalho, do alto de toda a sua arrogância.
Em síntese: JJ talvez possa ainda ser útil para o comando de futebol de algum clube, desde que ele não seja a autoridade máxima. Mais correto do que falar em coincidência é falar em tendência. Nas dobradinhas que fez com Aidar e Gouvêa (que, também coincidentemente, eram cartolas muito habilidosos no campo da política, exatamente o oposto de Juvêncio, que compra briga com praticamente todo mundo e também dessa forma prejudica ainda mais o São Paulo), os resultados vieram. O lado negativo disso é que os bons trabalhos desses cartolas renderam frutos para além de suas administrações e consolidaram o nome de JJ no cenário político do Morumbi. Como um câncer, ele simplesmente pegou essas receitas de sucesso, sugou o resultado que podia delas e, quando o direcionamento passou a depender principalmente dele, vieram os fracassos que conhecemos e já foram citados antes (e dá-lhe "coincidência"). O tri brasileiro é até a prova mais exata disso porque o ótimo legado de Gouvêa é bastante conhecido e o tempo de reinado de JJ é maior. Nos anos 80 durou apenas dois anos, no atual deverá chegar ao quádruplo disso. Infelizmente. Uma última coincidência: o último título do SPFC veio poucos dias depois do falecimento de Portugal Gouvêa. Parece que o Tricolor e até mesmo Juvêncio ficaram "órfãos".
É por essas e outras que hoje o torcedor não aguenta mais um dirigente irresponsável e incompetente dirigindo talvez o maior clube do Brasil e que tem condições e obrigação de render muito mais do que tem rendido, especialmente quando se pensa nos fiascos na Copa do Brasil do ano passado e deste ano também.
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