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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Europa ou um grande Quatar?


Por Nilson Pereira.

Lendo, assistindo e ouvindo algumas opiniões sobre os novos ''super-astros'' que fecharam com alguns clubes brasileiros nesta temporada, uma antiga tese que eu tenho levantado fica ainda mais evidente: '' a velha sídrome de vira-lata latino americana'' está cada vez mais forte.

Como historiador, eu afirmo que desejar ser, ou conseguir ser maior do que europeus e a posteriore norte-americanos, está enraizado na cultura latina.

Li, ouvi e assisti absurdos nas últimas semanas como : '' Brasil está virando Europa e Europa está virando Brasil'', ''Seedorff veio jogar no seu auge no Botafogo'', ''Inter contratou o maior jogador do mundo'' e por aí vai.

Dentre tantas loucuras incoerentes, ressaltou a meus olhos uma opinião, a do jornalista da Rádio Globo de São Paulo Marcelo Beckler. Geralmente sensato e pé no chão, o representante da nova geração do jornalismo braisleiro afirmou que, o Brasil não está virando Europa, no que discerne ao futebol, e sim um grande Quatar. Concordo plenamente.

Os jogadores que vem para cá, desde de Adriano quando veio para o Flamengo, passando por Ronaldo no Corinthians, e chegando a Luís Fabiano, Zé Roberto, Fórlan e Seedorf, respectivamente em São Paulo, Grêmio, Internacional e Botafogo, vieram ou no fim da carreira, ou com a carreira em crise na Europa, não há muitos méritos nisto nesta estúpida e insensata rixa que nós latinos deefendemos em relação aos europeus.

Ninguém é louco de negar que a contratação destes jogadores, alguns ainda em pré nas condições de realizarem bons trabalhos como Seedorf e Zé Roberto, foram excelentes para todo o contexto do futebol nacional, porém, sejamos sensatos e racionais e percebamos con sinceridade, deixando o clubismo e o bairrismo de lado e vamos enxergar a realidade, nenhum destes jogadores iriam fechar contratos com times brasileiros caso tivessem no auge de carreira.

Ouvi incoerências do tipo: '' isto é fruto do governo petista que está no poder desde de 2003 e aqueceu a economia'', basta ter o mínimo de noção de política para perceber que isto não tem tanta ligação, uma vez que a economia brasileira jamais nestes 9 anos ficou aquecida do jeito que o Governo quer deixar evidente. Não sou anti-petista, apenas sou um historiador sensato.

Estas contratações são muito mais frutos da crise econômica da Europa do que do aquecimento da economia brasileira.

A imprensa é tão importante quanto perigosa. Importante porque nos ajuda a enxergar detalhes que não consegueríamos em outros períodos históricos antes desta, mas perigosa para os que tem preguiça de pensar e se deitam em tudo o que ela quer demonstrar, sempre de forma tendenciosa.

A verdade é que o futebol brasileiro não vai nada bem. Está bem em comparação com o futebol do restante da América, mas não vai nada bem em comparação com si mesmo, com sua vitoriosa e gloriosa História. Este tipo de alienação por conta destas contratações pode servir como entorpecente que não nos deixa enxergar a realidade.

O futebol brasileiro merece mais, muito mais do que isto. Merece contratar no auge um Romário, conforme o Flamengo fez em 1995, merece conseguir evitar um êxodo de joías reveladas como Neymar, Dedé e Lucas, como o Santos, Vasco e o São Paulo estão conseguindo, freando a esquizofrênia do mercado capitalista em nosso tempo, que faz de tudo uma questão mercadológica, e faz com que jogadores promissores que ainda não estão pronto para ter a visibilidade na Europa no qual são submetidos, fazendo com que não passem de eternas promessas. Breno, o zagueiro ex-são paulino e Pato, atacante ex-colorado caem como exemplos.

Colorados, botafoguenses e gremistas, comemorem as contratações, o passado destes jogadores merece, mas tenhamos pés no chão e bom senso. Os Seedorf, Forlán e Zé Roberto não são mais os mesmos de dez anos atrás, podem e vão certamente colaborar e muito com os clubes, mas não como colaboraram em tempos de outrora, em Milan, Real Madrid, Manchester United, Bayern de Munique e etc.

Luís Fabiano no São Paulo eu nem citarei, porque o fabuloso possui um forte e determinante passado no maior clube de São Paulo.

Vamos comemorar sim, mas nunca perder o senso crítico, e os olhos na real condição do nosso futebol.

Deus os abençoe.

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